Quando chove em mim
Só a alegria diz “ ninguém me vence!”
Quando chove em mim
É um trás para a frente
A vida sobe a montante com a corrente
Um rebobinar, um anti-fim
Pois a minha alma, só a mim me pertence.
Quando chove em mim
Não há quem me faça entristecer.
A chuva cai, lava-me
Olha-me e, nos seus braços me acolhe.
(É água-mãe que o filho não escolhe.)
Quando chove em mim
Parto rumo à alegria e ao que der e vier.
Vem chuva! Ama-me!
Trás a mim o que sempre quis
Chuva fresca faz de mim o teu aprendiz!
Quando chove em mim
Sou poema que se dá por terminado
Um sonho limpo, imaculado.
Quando chove em mim
Não quero escutar quem quer que a chuva cesse.
Quero a chuva que a minha alma arrefece.
Quero a chuva que cai em mim
E faz da alegria a minha morada.
Chuva alegre vem ser o meu fim.
Renato Machado