quarta-feira, 30 de setembro de 2009

contador de Histórias

“Mãe, quando crescer
Quero ser Grande!”

Bom dia minha senhora!
Arranja-me um saquinho de sonhos?
Serão bons com cenoura?...
Isso ainda demora?!
Ah! Não os quero! Estão murchos…
Parecem tristonhos…



Ofereceram-me um destino
No dia do meu primeiro aniversário…
Uma coisa boa, de corte fino,
“É para usar com juízo e tino!”
Disse minha mãe
E trancou-o no meu armário…

Quando percebi,
O tempo tinha voado…
Jamais vi tal brinquedo,
Não tive sonhos, tive medo!
O meu destino foi para mim um segredo
Às sete chaves foi guardado!



Histórias tristes sentadas no meu serão…
Vidas contadas em tom de lenda!
Se foi um Manuel ou um João…
O que me interessa é a conclusão
A voz que se ouve no meu coração
O alargar constante de tamanha fenda…

“Mãe, tenho sono…”

Renato Machado

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Meu Pecado

Escrevo… escrevo… e irei continuar a escrever!
Minha carta está fechada
Bem selada e carimbada
Papel inútil que não me é nada
Mais que a dor atormentada
Desejosa de se esquecer!

Escrevo aquilo que eu quiser!
Serei eu em cada expressão!
Uma fraude de mulher
Que me condene quem puder
Serei eu até morrer
Mas viverei a minha ambição!

Deixem-me abrir as asas e planar!
Deixem-me ir onde quero estar!
Deixem-me ser aprendiz…
Dos erros que irei cometer… que irei dar…
Darei os passos para caminhar
Irei cair!
Mas quero sozinho, me levantar!
Deixem-me voar…

Serei Maria Madalena
Serei p’lo mundo condenado!
Terei sempre comigo a minha pena
Cada qual, a si se condena
Pois não há casa sem pecado!
Não há costas sem costado!
Serei sempre Maria Madalena…


Renato Machado

domingo, 27 de setembro de 2009

Poeta

Grande é a palavra poeta!
No seu mais vasto significar…
Gigante como cometa,
É corredor de bicicleta,
Federado, alto atleta,
Reformado maneta,
Prematura proveta
Guardada na ampulheta
No tempo suspenso do teu olhar…

Tão pequeno é um poeta
Poeira minúscula no vento…
Será apenas mais um profeta,
Condenado a marioneta,
Pelo sonho que lhe infecta
As veias gloriosas do talento!

Morto estará o poeta
Às mãos da miséria erguida!
Quando o povo já não o veta,
A palavra que desperta
Andará por parte incerta
No tardio honrar da vida…

Renato Machado

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Heróis…

Desejar as alturas
Com os pés postos no chão
É arriscar loucuras,
Debater-se em guerras duras,
É pensar sem a razão…

Porque o sonho nasce…
Faz cócegas p’ra lá da consciência!
Almejando a vitória
De ganhar a guerra com glória,
Marcar o seu lugar na história…
Sem sapiência,
Por falta de prudência…
Falhará a memória!

Nomes triunfantes
Incandescentes… jubilantes
Não se erguerão
Ao som do que cantes!
Não virão…
São poucos os que saberão,
A quem pertence o nome marcado,
Nos mármores errantes…

Vive o presente
Na humildade do teu valor
Sê capaz, persistente
Sê igual… mas sê diferente
Por este mar de gente
Batalha com todo o fervor!

Abram portas ao futuro!
Bem-vindo ao jardim das velas….

Renato Machado

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Raquel (original)

Envolta em luz imaculada
Como o raiar da aurora no meu dia,
Chega de forma sereneada,
Torna a noite mais estrelada…
Sonante nome em melodia!

A vida é feita de demagogia.
Ensina quem não quer conhecer
Que ser uno não é ideologia,
Há que viver com biologia!
Reproduzir para viver…

O homem não é completo.
Ser humano que é feto.
A sociedade
Tem o seu complementar…
Relação é partilhar,
Saber ouvir… saber escutar…
Haver no coração, a sensação de amar!

E o homem é então completo…
Envolto em luz,
Numa sociedade
Onde a diferença é igualdade,
Onde é soberana a verdade,
Na simplicidade de um afecto.


Renato Machado

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Criança

Manhã submersa
Em nuvens rosa carmim.
Um por do sol,
Em si bemol,
Desperta te em mim.

Percorro a tua partitura,
Com dedos a vibrar na tua canção.
Canto pintura,
Danço escultura….
Rodopio na palma da tua mão.

Sou brinquedo de cordel
Sou alegria no teu olhar…
Pinto o mundo a pincel,
Sou cavaleiro com corcel
Mato o dragão para te salvar.

Alegria de criança
Num ôrigami improvisado
Deliciado de sorrisos infantis…
És um barco que balança
Que transborda de esperança
Nas manhãs primaveris…

És feliz, és pura
És criança que dorme dentro de mim.
Quando a vida é dura,
Quando o sol dá lugar á noite escura,
Procuro a minha criança…
Procuro o que há de melhor em mim.

Porque ser criança é ser livre!
É pureza e imaginação…
É ser pirata, é ser cavaleiro
Ser dono do mundo inteiro!
É ter alegria e amor no coração.

Caçador de Sonhos

Homem vem...
homem vai...
nada fica,
nada se identifica
com a chuva invicta,
que sobre o teu corpo cai...

foi mais um que passou
na intensidade temporal.
eterno enquanto durou,
mais que o sol, quando na noite brilhou.
antes de chegar o vendaval...

vai, vive e sente!
sê do mundo
e sê coerente!
toca na alma,
toca fundo
sê do mundo,e sê o mundo
que acalma...
o interior de tanta gente...

sonha!
deixa sonhar!
lá fora a vida sonha,
vai nas asas da cegonha,
embalada em bela fronha...
um dia... poder voltar a sonhar