quarta-feira, 21 de agosto de 2013

white flag

Peço desculpa se nunca te perdi,
Se nem perdi tempo a tentar-te para mim…
Perdão se de alguma forma nunca te fiz viver aqui.
Já é tarde para apanhar a tua corrida,
Nem sei se saberia qual a porta por onde entrar
Com qual das tuas almas conversar,
Nem sei se me quererias assim
Em ti, me aceitar…
Já é tarde para te procurar
E talvez nem estejas lá quando eu acordar,
Quando eu quiser mais de ti do que de mim…
Peço desculpa se nunca te fiz crescer,
Se em mim não plantei a fonte da tua razão,
Se no meu ser não te desenhei
Aquele elemento que todos queremos
Só eu, apenas eu, nunca o desejei
Porque não és tu, sou eu
Aquele que vive em mim,
Sem respirar, sem querer um coração,
O teu coração…

Renato Machado




Novos dias...

Acabámos de erguer o novo mundo
Nas palavras acesas que gritámos ao finalmente conseguir
Olhar para cima sem receio que o céu
Esse céu, temente, nos caísse sobre nossas cabeças.
Lembras-te do medo que vimos em cada olhar
Por onde passámos sem misericórdia?
O mesmo medo que estava lá, esperando por nós…
Fomos mais fortes que a miséria será na hora da morte!
Confesso que tive receio de avançar,
Avançar e ver que o passado veio connosco
Fazendo do futuro, um quadro do romantismo enfadonho,
Quando jurámos que não seriamos mais do mesmo.

Mas se o nosso destino é quente,
Não vai ser preciso subornar o barqueiro
Basta dar-lhe o “óbolo como esmola”
E esperar que a barca navegue entre as almas
Até encontrar novamente margem nas terras de Hades.
Não vale a pena ter medo, meu amigo
Quem lá está, será nosso e no fim
Ainda tenho a amizade das moiras.
Nascemos com almas de Mégaras
E viveremos segundo as leis que Éris nos ensinou.
Não haverá mal que nos chegue se desejarmos viver,
Nem bem que nos acolha se quisermos ser mortais.
Por isso meu amigo, deixemos os medos para trás
Seremos o que a vida quiser.
E se um dia sentirmos o fogo crepitando na nossa pele
Saberemos que a vida não foi em vão
Que o preço do bilhete foi merecido
Por isso, voltemos a erguer o mundo a cada segundo.



Renato Machado