terça-feira, 28 de julho de 2009

Finalmente

Fujo de ti…
Quero esquecer tudo o que se passou.
Fico aqui…
Não sei porque resisti
Talvez o que sentira… voltou…
Foram anos de amizade
Entreajuda, companheirismo…
Momentos que deixam saudade,
A loucura da idade…
Que terminou por egoísmo.

Dói…
Sinto em mim um enorme pesar.
Acabou! Já foi…
Não se constrói
Tudo aquilo que não se quer levantar!
Sim, odiei-te todos os dias…
Senti-me magoado
Não entendi o que querias…
O que eras… ou o que vias,
O meu pilar tinha-se desmoronado…

Não vi a verdade.
Confundi amor com amizade…
Instalou-se a confusão,
Passaste-me ao lado até então,
Senti-me preso na minha liberdade…
Foi na despedida…
Na hora de deixar para trás o meu passado…
Que percebi o que senti toda a vida,
O quanto te tinha amado.


Renato Machado

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Eleutheria

Que foi que eu fiz?
Porque estou eu a chorar?
Tenho tudo para ser feliz
Sou forte, com raiz
Impossivel de cortar...
Não sei porque me sinto assim
Como erva pisada pela manada.
Não sou querubim
Não sou nefelim
Mas não vou a baixo com a rajada...

Como carvalho resistente
Impossível de derrubar
Um ser quase omnipotente
Invejado de muita gente...
Porque estou eu a chorar?
Espectador das minhas memórias.
Houve algo que não se valorizou...
Repetem-se cenas irrisórias,
Futeis demais para ser estórias.
Mas com o interior...
Ninguém se importou...

Agora já sei como é!
Numa busca futil desmedida...
Sou como a poderosa Tié
Sou árvore que morre de pé
Quando chega o Outono da vida!

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Gezebel

Gelo…
Sinto o meu corpo gelar
Como animal morto caído pelo chão.
O meu fim tarda a chegar
Num passo lento, num passo bem devagar
Não pára de me magoar
Fere me com as pontas do seu arpão.

Fogo
O meu corpo está a arder
Sou Joana na fogueira do terror
Mas nenhum anjo me vem ver
Não há ninguém para me socorrer
Sou só corpo a falecer
A minha alma canta júbilos de louvor.


É fogo, é gelo
Que importa como sou castigado?
É inferno, disso eu sei.
Se for queimado…
Se for congelado…
Vou ser castigado
É a minha sina, é essa a lei.

Para mim não existe o divino
Não tenho lugar na lista do senhor
Mebahel toca o seu sino
Gabriel canta seu hino
E Miguel mata-me sem mínima dor.

No final da cena
O pano cai num silêncio cruel
Sai tudo sem ter pena
Sou touro morto na arena
Na companhia solitária de Israel.

Letra: Renato Machado