quarta-feira, 22 de julho de 2009

Gezebel

Gelo…
Sinto o meu corpo gelar
Como animal morto caído pelo chão.
O meu fim tarda a chegar
Num passo lento, num passo bem devagar
Não pára de me magoar
Fere me com as pontas do seu arpão.

Fogo
O meu corpo está a arder
Sou Joana na fogueira do terror
Mas nenhum anjo me vem ver
Não há ninguém para me socorrer
Sou só corpo a falecer
A minha alma canta júbilos de louvor.


É fogo, é gelo
Que importa como sou castigado?
É inferno, disso eu sei.
Se for queimado…
Se for congelado…
Vou ser castigado
É a minha sina, é essa a lei.

Para mim não existe o divino
Não tenho lugar na lista do senhor
Mebahel toca o seu sino
Gabriel canta seu hino
E Miguel mata-me sem mínima dor.

No final da cena
O pano cai num silêncio cruel
Sai tudo sem ter pena
Sou touro morto na arena
Na companhia solitária de Israel.

Letra: Renato Machado

1 comentário:

  1. mais uma ves repito, nota-se um grande conhecimento, tanto a nivel histórico e biblico. a referencia a joana d'arc como simbolo de incompreensão, demonstra o estado de espirito do eu poético, notoriamente perturbado por algo, talvez a ideia nao ser perdoado pelos seus erros... gostaria de conhecer pessoalment o poeta... acho que estamos perante uma grande revelação.
    querubins e nefelins... mabahel, israel, gabriel e miguel... anjos ou ligaçoes a estes... fascinada com todo o enredo

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