quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Tudo isto me dói

A tua saudade tem nome de futuro,
Tem vida feita no passado…
Porém mora no meu agora, no meu presente.
A tua saudade é tristeza encurralada para lá do muro,
É sentimento que persiste e eu não o censuro,
Uma muralha que me esfuma a mente,
Desaba sobre mim cada vez que se a sente…
É p’la tua saudade que todos os dias sou visitado.

Falta-me a tua grandeza e a tua pequenez,
O olhar-te, ver-te, sentir-te cada vez que penso num “talvez”…
Falta-me a tua presença que ardia em mim,
O querer estar presente onde não estou,
Porque tu lá estás e contigo, parte de mim ficou…
Esta é a tua saudade, que não me mata
Mas deixa-me assim,
À beira do abismo, da salvação, do fim.

Tudo isto me dói por te sentir saudade,
Por me sentir vivo, mas incompleto.
Por me ver por dentro e achar-me um ser obsoleto…
Tudo isto me dói por ser apenas uma metade.





Renato Machado

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Obrigado

Obrigado por não estarem lá
E agradeço-lhes por não me terem dado a mão.
Obrigado por nunca estarem cá,
Pelas vossas costas que a vida me dá,
Mas sobretudo, obrigado p’lo carinho e atenção…

Não, moro aqui na porta ao lado,
Na porta escura que passam sem olhar…
Por todos os pilares que não me deram, um “obrigado”,
De todo o coração, um agradecido “obrigado”,
Que a vida vos dê sempre uma boa lembrança
Um rasgo de esperança
Que vos faça de mim lembrar.

Tenho flores que a todos carinhosamente irei oferecer,
Flores brancas tal como a cor da minha luva.
Obrigado, a todos gostaria de agradecer
Jamais de alguém irei esquecer,
Pois não é por não se apreciar
Que a gente esquece o incómodo da chuva…

Estão todos aqui, enterrados nas catacumbas do meu coração.
Descansem em paz meus amigos.
Nos vossos caixões imaculados,
Feitos de madeira forte, da árvore da recordação.



Renato Machado