terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Reflexo

São pequenos passos sem destino
Sem alma, nem a previsão futura de a querer ter.
(diz-me que não sou como tu)
Salto entre o planeado e a ocasião,
Para não receber o beijo que tanto quero receber.
Talvez por não querer ter um destino
Sabendo que hei-de cumprir, aconteça o que acontecer.
(diz-me que não sou como tu)
Passo palavra dentro do que ainda me conheço
E dizer-me que sou o contrário de um não,
Que afinal sou mais de ocasião,
E quem sabe o quanto me mereço…
A felicidade tem sempre um preço?
(diz-me que não sou como tu)
Já me dei conta te tanta coisa feita ao acaso,
De declarar medos que nunca senti,
Apenas por não querer seguir aquilo que é meu.
Apetecia-me ser alguém que em mim não se cruzou,
Alguém que desejei, e nem sequer me olhou…
Foi para isto que cresci?
Talvez a minha missão é viver com este “eu”…
(diz-me que não sou como tu)
Deixem-me apreciar este pequeno momento
Disso sim, tenho medo que se vá findar,
A incerteza tranquila de ser quem sou, não sendo eu
Não me querendo como lugar…
Quem sabe o que dirá de mim o vento…
Quem sabe onde ele me irá levar…
O que sou, nunca morreu,
Nem morrendo, o vou enterrar.
(talvez eu seja como tu)


Renato Machado

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