Tem vezes que me pergunto
Porque não me dou por vencido…
Outras tantas que passo a palma da mão
Naquilo que intitulo de consciência,
E firmo o corpo, levanto o rosto,
E sigo para aquilo que é a minha frente.
Ao certo, nunca fui de me redimir,
Mas também nunca fui de o fazer, de o conseguir…
Ao certo, nunca fui um alvo abatido,
Mas também não vou jurar que já não o tenha sido…
Por tantas vezes me perder,
Por tantas vezes me deixar vencer,
Não significa que em mim não haja persistência…
Que se aloje em mim a pedra e a cal
Que me hão-de sepultar,
Mas não posso crer que seja esse o mal
Que me há-de findar…
No fundo sou uma árvore
Que em pé sucumbe, em pé se seca,
Que morre hirta e gloriosa
Porque ao morrer, nunca mais peca
Por se sentir aos olhos alheios vitoriosa.
Árvore morta que se ergue para tocar o céu
Para mostrar ao mundo, como o mundo já foi seu…
A persistência vive enquanto eu viver
Enquanto por mim estiver disposto a lutar
Enquanto vir ao longe o que posso vir a ser…
Da morte também se faz vida,
Do chão também colhe coragem.
Do medo nasce a despedida
E de mim vem a procura, de mim vem a viagem…
Renato Machado
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