domingo, 13 de fevereiro de 2011

Quarto-crescente

“Leite que é bom sempre acaba”
Dizia mãe gata no desespero…
Minha mãe dava-me doces,
Meu pai trazia-me espuma,
E eu era um projecto de gente sonhadora…
Só não vi Nossa Senhora
Nem incenso nem caruma,
E se não fosse o galo cantar
Estaria ainda sentado na estrada,
Com uma mala por vazar
Repleta de pedaços de nada.

Faz tempo que sei que a lua é mentirosa…
Mas sarilho é o negrume que se nasce no dente.
(Salomão bem o sabia.
Mas sobre tal estória nada se ouvia
Dizer que cruzar bem com o mal,
Era abrir guerra com o imortal…)
Pior foi o desabrochar do dia!
Quantas batalhas quiseram que se fossem lutar
Para que de forma leve e airosa,
Nascesse sem espinhos uma única rosa…
Faz tempo que sei o quanto a lua é mentirosa…

Apressou-se a pressa com medo de se atrasar,
Amedrontada de não se ver morrer.
Eu estava lá e nada vi!
(mas eu cá sou assim…)
Nada se deve dever nada
Por dever de um devedor.
Vou acabar por viajar
Ou então pernoitar, acabando por adormecer.
(já a farda está passada
Só me falta um condutor).



Renato Machado

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