quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Fui o teu povo
A voz que te aclamava erguida
Pelo teu orgulho...
Fui o braço que aguentou firme
A tua inevitável queda,
A ancora que te segurou os sonhos...
Fui...

Fui tudo aquilo que não merecias receber
Tudo aquilo que por amor te quis dar...
Fui...
Sou a boca que a tua vida vai soprar
A perna da cadeira que anseia por te ceder,
A casca esquecida da banana
Feliz por te ver falhar,
O fogo que deseja o teu corpo arder.

Foste tu...
A mão que não soube a minha apertar,
O obrigado que não escutei
O prato cuspido que de ti lavei,
A porta fechada sem um adeus
O medo de olhar para trás e entender
Que por ti ainda ias implorar.

Sim, foste tu.


Renato Machado

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