segunda-feira, 14 de junho de 2010

Poema a Deus

Há quem não te comente apenas por não saber o que dizer.
Também eu…
Evito enfrentar-te todas as manhãs da minha vida
Todas as tardes da minha vida,
Todas as noites da minha vida,
Toda a minha vida…
Há quem não te queira apenas por não ter de te querer.
Também eu…

Não te quero…
Não te choro…
Não me importo se estou só.
Assim o espero,
Até desespero,
Se for preciso, até adoro!
Mas não vou lavar-me no teu pó…


Sou corpo feito vida na madrugada
No lusco-fusco da terra meio adormecida.
Sou do nada, vim do nada,
Sou de gelo, sou geada,
Sou sol que queima na parede caiada,
Na manhã que é criança entristecida.

Também eu…
Há quem não te rogue por nem saber o que é rogar…
Já eu sei o que é te implorar…
Manhãs quentes e tardes de pão.
Acordares ausentes… adormecer na solidão…
Também eu sei quem tu és
E por o saber, não me ajoelho a teus pés…
Deus… também eu!


Renato Machado

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