Talvez um dia ou para nunca mais…
Peixe, a maré ainda vaza?
Já sinto o cheiro do mar entrando em mim,
Cada molécula que se diz água
Rasgando-me num frenesim
Até alcançar a pedra segura do meu cais,
Talvez nesse dia, seja dia de nunca mais…
Vou ancorar mesmo aqui,
Tentar fazer da vida, a minha nova casa
E apelidar de vida a minha eterna mágoa.
Peixe, quando me levas contigo na maré?
Céu azul empalidecido é calor querendo chegar…
Mentiroso oprimido
Esperançado e destemido
Ansioso que o tempo o consiga enganar…
Talvez um dia… hoje não.
Sou massa mal cozida que não deu pão,
Massa rebelde que não lhe quis mão…
Talvez um dia, mas hoje vou a pé.
Renato Machado
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