sexta-feira, 2 de julho de 2010

Cinco Estações (alter-ego)

Cinco mercês sem mira
E um sitio desejoso de se pousar.
Primeiro vai o “deixa andar” mais a sorte
Vai cedinho e cedinho traz a morte,
Traz especiarias perfumadas com cheiro a oriente
Para o presente, inconsequente, eloquente ocidente…
Pára de caminhar
Chiu… pára, olha, escuta, aprecia a sua ira.

Depois vai a carroça que ninguém toma rédea
E vem no regresso com bijutarias que nunca ninguém viu.
Vai Brasil… vem Abril…
Vai Abril… vem Brasil…
E a gente troca o passo com a linguagem
Porque sobra sempre espaço a cada viagem,
Porque existe tempo que já se esqueceu, ou nunca existiu.

Terceiro quer ser o primeiro
Ser imperador do mundo inteiro
Mas não quer ter fama nem sucesso.
Quer apenas fortuna e um regresso.
Junta-se-lhe o desejo e a passividade
E nasce o terceiro, não é carne nem é peixe
Nem é gente que se queixe,
Apenas se mantém sóbrio com a sua dignidade.

E quarto está onde lá mora,
Onde viveu ontem, vive hoje, aqui e agora…
Sem temer, oferece a alma que não tem
Por julgar que há quem precise do seu alguém.
Por ser sozinho, segue o caminho
Segue as pegadas que viu dar um dia.
O quarto quer apenas uma dose de alegria
Por estar farto do seu eu que chora.

Por último volta para trás de onde nunca quisera sair
E pede a deus que lhe faça esquecer todas as visões.
Fuma, bebe, e sorri.
Olha em frente sem saber o que vai pensar a seguir
E estende a mão a quem passa…




Renato Machado

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