quinta-feira, 27 de maio de 2010

Poema da Indiferença

A indiferença faz-se de ver os outros,
Faz-se do tempo e da atenção dada ao alheio,
Faz-se da indiferença de o dizer a peito cheio…
Faz-se da carência de vertentes para onde olhar,
Faz-se da dor doida prestes a ajudar…
É saber em nós que necessitamos dos outros.

Viram-se costas desejosas apenas de chorar,
Mundos avessados desejosos de se levantar.
Vontade e coração numa luta tantas vezes desigual,
Onde o bem não é de ninguém
E o mal é fogo inato, animal…
Indiferença é vontade e coração eternamente a balançar.

Porque o homem é ser nascido da falsa indiferença
Quando Deus lá não está, mas vai nascendo em cada presença.
E nasce consigo, porém alheio à crença
Porque mesmo sem se crer, teme-se uma sentença.

E quando a indiferença não está onde se espera estar,
Há quem seja mais destemido e tome-lhe o lugar.
Faça da falsa cegueira um refugio para a falta de sentido,
E da falsa compaixão, um império destemido!

Indiferente é o gentílico da cada um,
Pois não existe quem não o seja,
Se esta é a suprema sentença que não escapa a nenhum.
Sejam felizes na negação da indiferença
Que ser-se humano nem sempre é recompensa,
E acentuo que Indiferente é o gentílico de cada um.


Renato Machado

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