sexta-feira, 21 de maio de 2010

Aqui e Agora

Quis passar outro dia à rua onde cresci
E, rever-me nas memórias guardadas em cada peitoril,
Em cada soleira, em cada pedra da calçada
E lembrar cada passagem de Abril…
Quis entrar p’la porta e chamar a infância que eu vivi
E, rever-me em cada retrato que acolhi,
Em cada tela, cada peça por mim criada,
Marcando uma e mais uma passagem por Abril…
Não foi de saudade o nome que baptizei meu sentimento,
Foi ternura. Lembrar cada efémero do passado,
Eu era um miúdo tão amado!
Meu deus… porque o deixei levar na maré do esquecimento?
Não foi medo de ter medo de me recordar,
Nem sequer medo de ao passado regressar.
Não. Foi choro que se derrama por tamanha felicidade,
Foi uma mãe, os irmãos, a madrinha,
Foi o calor e o carinho em toda a face vizinha…
Foi todo o passado desejando ser essa a minha realidade,
Mas nada de saudade.
Nada de querer cambiar-me do hoje para o outrora,
Quando o que quero é apenas recordar tudo aquilo que já vivi,
O lar onde nasci…
Dentro de mim, aqui e agora.




Renato Machado

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