Há palavras feitas para se aplaudirem de pé.
Outras que nem se querem ser ditas,
Há quem diga que são malditas…
Pessoalmente, detesto essas betas, benditas,
Querem fama, acham-se eruditas…
Há filhas e enteadas, mas é!
De quando em vez, solto-lhes as rédeas
Dessas desgraçadas sedentas de liberdade.
E lá vão elas, a alto e bom som
Um “foda-se!” que é do bom,
E sacia cá dentro qualquer traço de ansiedade.
Mas não… aqui não se quer calão!
Só palavras clássicas, elegantes, gentis…
Que fizeram as outras coitadas
Para me responderem no momento imediato
Ao soltar estas mal-amadas
“Isso não se diz!”?
Cada qual tem o seu lugar…
E se alguém por interesse, no mundo as botou,
São então para serem usadas por quem cá ficou…
E se busco a melhor palavra quando procuro figurar,
Que jeito tem dizer “arre” ou “irra” quando me estou a passar?!
Renato Machado
terça-feira, 29 de março de 2011
quarta-feira, 23 de março de 2011
Tu...
Tu, o que és em mim?...
És o vento que fica por me soprar…
A velha árvore que fica por me morrer,
Aquela história que fica por me contar,
O rio que desce, e não mais há-de subir…
O sorriso que deixei por te sorrir…
És a metade de alguém que ainda não te descobriu
Ou a metade de alguém que nunca existiu…
A frase que fica por terminar
Por não ter mais vontade de to dizer,
Ou quem sabe, o dia que há-de chegar,
Ou o dia que ficou por acontecer…
És o frio que a espinha não se me arrepiou
Ou o fogo que não senti, aquele que em mim não crepitou…
Pena não seres nada que viva em mim
Nem nada que eu queira vivendo em mim…
Sou feliz assim… por não seres vontade em mim…
Apenas curiosidade… imagem sem prezas de verdade
Ou qualquer pingo de amor, ou tão pouco lealdade…
Não… em mim não és nada
Nada que mereça o esforço de chorar,
Tal como o pó da estrada
Que a gente sacode para outro dele se sujar…
Renato Machado
És o vento que fica por me soprar…
A velha árvore que fica por me morrer,
Aquela história que fica por me contar,
O rio que desce, e não mais há-de subir…
O sorriso que deixei por te sorrir…
És a metade de alguém que ainda não te descobriu
Ou a metade de alguém que nunca existiu…
A frase que fica por terminar
Por não ter mais vontade de to dizer,
Ou quem sabe, o dia que há-de chegar,
Ou o dia que ficou por acontecer…
És o frio que a espinha não se me arrepiou
Ou o fogo que não senti, aquele que em mim não crepitou…
Pena não seres nada que viva em mim
Nem nada que eu queira vivendo em mim…
Sou feliz assim… por não seres vontade em mim…
Apenas curiosidade… imagem sem prezas de verdade
Ou qualquer pingo de amor, ou tão pouco lealdade…
Não… em mim não és nada
Nada que mereça o esforço de chorar,
Tal como o pó da estrada
Que a gente sacode para outro dele se sujar…
Renato Machado
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domingo, 20 de março de 2011
Apontamento
Contará tudo como sendo verdade
Sim… Não haverá desilusões nas palavras mentidas
Tão pouco sofrimento naquilo que ficará por dizer…
Para quê amar o que nos amarra com tanta ferocidade,
Que tantas vezes nos rouba a dignidade,
Apenas porque somos humanos,
Apenas porque somos moldados por enganos,
Apenas porque a nossa condição é sofrer?
Renato Machado
Sim… Não haverá desilusões nas palavras mentidas
Tão pouco sofrimento naquilo que ficará por dizer…
Para quê amar o que nos amarra com tanta ferocidade,
Que tantas vezes nos rouba a dignidade,
Apenas porque somos humanos,
Apenas porque somos moldados por enganos,
Apenas porque a nossa condição é sofrer?
Renato Machado
terça-feira, 15 de março de 2011
Memórias de um Paulo...
Paulo… Paulo era fogo, era paixão!
Era verde florescendo, o vermelho… o amarelo!
Paulo era uma explosão de sentidos
Um cocktail de sentimentos nunca vividos
Ou quem sabe, já perdidos…
Havia ternura, havia solidão,
Havia um pouco de mar, terra, ar!
Havia a sua alma, havia onde se aninhar…
Havia o belo… Paulo era um castelo!
Era brilho de prata e ouro
Num pedaço de latão…
Paulo fora passado, Paulo queria ser futuro…
A aventura, a luz no escuro,
A paz, a alma, o inferno,
Um momento fugaz
Um olhar que nos queima e que nos trás
O efémero do eterno…
Tudo se acabou,
Já cá não está...
Deus tira-nos o que tantas vezes nos dá...
Memórias de um Paulo
Que ao meu mundo não tornará...
Seu coração se fechou
Adeus amigo... para mim, a tua vida se findou...
Renato Machado
Era verde florescendo, o vermelho… o amarelo!
Paulo era uma explosão de sentidos
Um cocktail de sentimentos nunca vividos
Ou quem sabe, já perdidos…
Havia ternura, havia solidão,
Havia um pouco de mar, terra, ar!
Havia a sua alma, havia onde se aninhar…
Havia o belo… Paulo era um castelo!
Era brilho de prata e ouro
Num pedaço de latão…
Paulo fora passado, Paulo queria ser futuro…
A aventura, a luz no escuro,
A paz, a alma, o inferno,
Um momento fugaz
Um olhar que nos queima e que nos trás
O efémero do eterno…
Tudo se acabou,
Já cá não está...
Deus tira-nos o que tantas vezes nos dá...
Memórias de um Paulo
Que ao meu mundo não tornará...
Seu coração se fechou
Adeus amigo... para mim, a tua vida se findou...
Renato Machado
quinta-feira, 10 de março de 2011
Poema para uma pedra
“Uma pedra só é pedra
Se pedra esta sonhar vir a ser…”
Pobre pedra se pudesse,
Se outro mundo para si houvesse
Não seria pedra, apenas por ser pedra,
Nem que por pedra tivesse de se escolher…
Pedra não é pedra por sua ambição.
Não. Coitada, pedra do chão, sempre pisada…
E fosse ela pedra de altar,
Ou pedra gloriosa de um monumento qualquer…
Mas não… Pedra é pedra de chão!
Calçada cinzenta que se pisa sem se ver,
Pedra enquadrada no seu quadrangular…
Pedra livre presa ao chão… pobre Pedra abandonada…
Lá está ela mais que conformada
Será pedra que ali viverá
Até outra pedra em seu lugar ser tomada…
Pedra, é o teu destino!
Quem p’ra o teu corpo olhar
Verá pedra, mas não a Pedra, a pedra sem história
Pedra sem memória
Pedra que é pedra, e que pedra é o seu destino…
Pedra, serás pedra e terás que o suportar.
Deixa estar Pedra… o teu corpo é imortal.
Quem te pisa, pisa vezes sem conta até se esgotar
Mas tu ver-lhe-ás passar…
E tu, pedra, para o mundo estarás sempre igual…
Renato Machado
Se pedra esta sonhar vir a ser…”
Pobre pedra se pudesse,
Se outro mundo para si houvesse
Não seria pedra, apenas por ser pedra,
Nem que por pedra tivesse de se escolher…
Pedra não é pedra por sua ambição.
Não. Coitada, pedra do chão, sempre pisada…
E fosse ela pedra de altar,
Ou pedra gloriosa de um monumento qualquer…
Mas não… Pedra é pedra de chão!
Calçada cinzenta que se pisa sem se ver,
Pedra enquadrada no seu quadrangular…
Pedra livre presa ao chão… pobre Pedra abandonada…
Lá está ela mais que conformada
Será pedra que ali viverá
Até outra pedra em seu lugar ser tomada…
Pedra, é o teu destino!
Quem p’ra o teu corpo olhar
Verá pedra, mas não a Pedra, a pedra sem história
Pedra sem memória
Pedra que é pedra, e que pedra é o seu destino…
Pedra, serás pedra e terás que o suportar.
Deixa estar Pedra… o teu corpo é imortal.
Quem te pisa, pisa vezes sem conta até se esgotar
Mas tu ver-lhe-ás passar…
E tu, pedra, para o mundo estarás sempre igual…
Renato Machado
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quarta-feira, 9 de março de 2011
Escureceu
Escureceu...
A torre iluminou-se de pirlilampos
E eu fiquei olhando para o vazio.
Fiquei esperando que me enchesse de frio
Talvez tenha ficado na esperança de me ver...
Escureceu...
As paredes brilharam em escarlatadas danças...
E eu vi o mundo, todas as memórias
Todas as minhas histórias,
Todas as minhas lembranças...
A luz desfez-se num único fio.
Pirilampos dançaram em meu redor
E a torre sorriu para mim.
Fui tão feliz!
Fui o eterno, fui tudo o que sempre quis,
Num segundo, o meu melhor
E o pior que possa existir...
O vazio que me fez rir,
Escureceu, e eu passei por mais um fim.
É noite, sou a noite, sou assim.
A torre iluminou-se de pirlilampos
E eu fiquei olhando para o vazio.
Fiquei esperando que me enchesse de frio
Talvez tenha ficado na esperança de me ver...
Escureceu...
As paredes brilharam em escarlatadas danças...
E eu vi o mundo, todas as memórias
Todas as minhas histórias,
Todas as minhas lembranças...
A luz desfez-se num único fio.
Pirilampos dançaram em meu redor
E a torre sorriu para mim.
Fui tão feliz!
Fui o eterno, fui tudo o que sempre quis,
Num segundo, o meu melhor
E o pior que possa existir...
O vazio que me fez rir,
Escureceu, e eu passei por mais um fim.
É noite, sou a noite, sou assim.
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