terça-feira, 24 de abril de 2012

Vinte e Quatro

Tentei falar dos meus sonhos ao mundo,
Acertar nas portas entreabertas
E gritar por socorro ao alheio.
Senti que o chão me fugia sob os pés
Quando o receio do precipício cavalgou até mim.

Bati de frente com a liberdade
Jamais querendo a sua companhia.
Tentei, eu juro que tentei esperar aqui!
Mas a teimosia é coisa não me cabe cá dentro...
Mas não... Tive de correr sozinho
P'ro outro lado da tua esfera,
E p'ra quê?
Só p'ra ficar mais uma vez na solidão...

Nenhuma porta se me abriu
Nenhum sorriso se me esboçou....
Não, nem "parabéns" por continuar vivo,
Não... p'ra quê?
Deixo-me estar como me encontrei,
Imóvel, sem medo, sem vida,
Sem mundo p'ra me tentar abrir.
(os sonhos afinal têm cores,
neutras, sim, mas de paleta viva!)

Subi mais um andar...
Ninguém... desci p'ra me encontrar,
Mas o mundo não estava lá p'ra me ver
Muito menos p'ra me aplaudir...
Porquê?
"parabéns para mim"... não valerá a pena,
Já não quero este palco, terminou a minha cena.
O pano caiu e o público nem clamou por bis...
Não me quero por ser tão completo
Como um relógio
Completando o meu dia...
Mais outro dia virá,
Outro e mais outro...
Aqui? Porque não?
Talvez sim...


RENATO MACHADO

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