quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Nato

O meu tempo,
Leva-me no tempo…
Leva-me nas dores de quem me fez…
E o sofrimento…
Não tanto como um tormento,
Mas o grito do fado que tenho em minha pequenez…

O vagar que passa a correr…
O sino que toca dentro da minha cabeça….
E tudo começa!
O longe que passa raspando bem perto,
A confusão de gente no meu deserto…
E tudo em mim está pronto a nascer!

O meu mundo teima em me expulsar,
O queimar…
A luz que a dor estreita me oferece,
Meu corpo quente, de estranheza, arrefece…
As mãos que me tocam em novidade,
O choro impõe-me a voz…a realidade!

Nasci!
Não sei quem sou,
O que sou…
Onde estou?
Vou ficar aqui….




Renato Machado

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Luz de Sol

A luz que me entra é bem-vinda
Como o beijo quente de minha mãe no meu rosto.
Suavemente acaricia o que dorme em mim,
E brinca, faz cócegas, sorri iluminada!
Esta luz mais amada…
Toca-me no refundido que vive (ainda…),
E sinto tudo o que antes sentira com um novo gosto.

Quando nasce em mim, sorrio de esperança
E sorrio de saudade quando ela me esquece,
Mas amo o brilho da pureza
O dar sem receber, a voltar a dar com gentileza…
A luz da estrela mãe aconchega-se na minha lembrança,
Porque a luz é luz, e tem luz como sua riqueza!
Na sua ideia, o meu corpo se aquece!

É por isso que amo a palavra “Sol”
Ama-me, aquece-me, abraça-me, expludo de vida…
Quando a escrevo com o meu magenta
O conforto que me acalenta,
É calor amado na minha mente,
Todo meu corpo o sente,
Consumindo cada momento, tal como uma despedida.






Renato Machado

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Um Pouco Winehouse

Aqui… por dentro,
As almas dançam no silêncio do som.
Exaltam o peso de mim em mim,
Exaltam a teimosa força de ser um dom…
Os perfumes… as formas… as luzes…
O vazio de um centro,
O desenho das cruzes,
Plantadas num horizonte sem fim…
Quadros que decoravam os meus pensamentos,
Quebraram amores com a beleza,
Quebraram pactos com a verdade…
Mas mentira…não existe… Lealdade!
Porque não me vence, nem luto pela incerteza
Mãe de todos os meus tormentos.
E quem consiga ver o meu coração
Que me diga onde o posso resgatar.
Por favor…Palpita-me oco o peito,
De jeito tosco…sem jeito…
Desajeitado, moribundo sem pressão…
Desesperado sem saber onde descansar…



Renato Machado

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A Mais Bela Verdade

O meu nome… ninguém o diz…
Amando o infinito, na mentira sou aprendiz…
E na mentira, consigo ser feliz.
No jogo de palavras, vinco a minha raiz…
Ah! Eu sou feliz!
Sei viver com este meu desalmado coração,
Talvez não seja viver… mas morrer, não!
Talvez seja uma luz que tenho a acender…
Aquele pequeno ensinamento a reter…
E sou assim, em mim sou feliz…

Não me detenho na hora de errar,
Vou em frente, porque vou errando.
Na mentira, o meu erro vai-se acertando,
E mal ou bem… hei-de lá errar…
Se eu ao menos não pudesse amar…
Se eu ao menos pudesse existir…
Se eu ao menos pudesse desiludir…

Tenho inveja da vida que a vida não me deu,
Tenho…
Por isso, desenho-a…
Em mim, retenho-a…
A força que o meu ser não escolheu…




Renato Machado

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Por Ti

Como a chuva que traz de novo a vida,
Sou um sopro fresco de esperança,
Sou a saudade que já vai morta…
Sou um sorriso que te entra pela porta,
E se aconchega na tua face desiludida.
Sou o que quiseres na tua vida,
Um demónio que infringe a aliança
Ou o rasgo de luz prevendo a bonança…

Sou tudo aquilo que me deixares ser,
Amando…
Respeitando…
Flutuando… serei luz que vem suavemente se vincando,
O mais sincero amar que exista no verbo viver.
Sou a sorte de realizar o teu mundo iludido,
O gole de sabedoria que te ilumina a mente…
Sou gente…
Sou humano por ti…
Até nas forças que me são alheias, me faço erguido.

Sou…fui… talvez o serei…
E com isso apenas, me contento.
Com o teu existir me alimento,
No teu respirar me invento…
Por ti… um dia serei…


Renato Machado

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Estranho-me...

Nem me sinto triste…
Nem me procuro nos recantos da solidão…
Não… se o meu ser, em mim existe,
Se nem ele da minha causa perdida desiste,
De que vale lutar p’lo negativismo em vão?
Não…
Sou um toque soturno de felicidade,
A névoa fria brincando no rosto de quem ri…
Divirjo… feliz… há sempre uma razão.
A dúvida persiste no que é a minha verdade,
A constante procura da minha trindade…
E eu… nunca saio daqui!
Aqui me plantei, aqui me cresci,
Uma árvore robusta, forte,
Um ser que não tem medo da morte
Mas tem medo da paixão…




Renato Machado