sábado, 20 de março de 2010

Perspectivas de Futuro

Não sou de papel
Nem nunca o sequer ambicionei ser.
Carne e osso,
Sou o que sou, sou o que posso,
Rindo aqui…chorando ali…
Nem Deus sabe quando nasci!
Quanto mais benzer-me a testa com mel…
Sou assim, só para contradizer.

Quando quero, fecho a loja, faço gazeta,
Vou passear à baixa dos meus passados,
Vou mandar pedras aos gatos no quintal da minha recordação.
Apanho a carreira do “já esquecido” na próxima camioneta…
Vou olhando pelos vidros embaciados,
Pedaços de mim, por mim abandonados,
Mas também, nem por eles tenho afeição…

Acho que ainda me hei-de rir da minha tristeza,
Por julgar ser ridículo a felicidade com dizimas da fortuna.
Mas eu sou assim, contradizendo os meus apertos,
Vou por caminhos quase sempre incertos,
Provando a mim mesmo que não nasci para ser religioso,
Quanto mais, receoso!
Só o que me é inato é a rudeza
No confronto, frente-a-frente com a minha lacuna.



Renato Machado

1 comentário:

  1. Que poema maravilhoso, escultura do teu ser, verdade mais profunda, tens na escrita algo que adoro ler. Parabéns, continuo a ler-te.
    Abraço

    ResponderEliminar