sábado, 6 de março de 2010

p'ra fugir da rotina de poemas...

Reparem bem neste pequeno diálogo que no outro dia surgiu dentro da minha cabeça…

- No outro dia dei por mim a pensar em coisas que tenho saudades…
- Ah sim? E o que foi que te lembraste?
- Olha… tanta coisa! De jogar ao berlinde por exemplo!... De coleccionar os cromos e não comer os Bollycaos… tenho saudades daquele ano que íamos para a escola e ainda o sol não tinha nascido… lembras-te disso?
- Não. Era muito pequeno nessa altura. Só o sei porque tu já me contaste isso, dezenas de vezes!
- Pois é, marcou-me… e tu?
- Eu o quê?
- De que é que tens saudades?
- Sei lá… nunca pensei muito nesse assunto. Mas agora que falas nisso…acho que tenho saudades de ser criança… principalmente, tenho saudades das vezes que ralhavas comigo…
- Saudades disso?! Porquê?
- Sei lá eu… não sei, mas cada vez que penso naquele tempos, fico com um aperto bom no coração. Fico feliz… não sei explicar bem, mas não época, eu ficava triste cada vez que ralhavas comigo, mas hoje entendo essas atitudes de outra forma. Então fico feliz ao perceber que naquela época era protegido.
- Quê? Ficas feliz só porque eu ralhava das asneiras que tu fazias? Tu não regulas…
- Sim! Que queres tu que eu faça? Naquele tempo era livre e não tinha responsabilidades. Apesar de fazer as coisas mal e levar raspanetes por isso, tudo acabava bem! Lá vinhas tu e resolvias o que havia p’ra resolver…
- Então, mas hoje és crescido! Já tens idade p’ra saberes cuidar de ti!
- Eu sei! Por isso é que tenho saudades! Sabes, é que quando somos pequenos, dependentes, queremos mais é que o tempo passe depressa! Estamos sempre a disparar: “nunca mais faço 18 anos!”… mas quando chegamos lá e vemos que estamos por nossa conta…
- Isso é verdade. Mas a liberdade tem tanta coisa boa…
- Mas não tem aquilo que me faz ter saudades de ser criança…
- O quê?
- Ora esta! Já disse! Tenho saudades de me sentir protegido! A liberdade, e dizes bem, dá-nos muitas coisas boas: uma vida pessoal, a nossa independência, a tal vida longe dos pais… saímos do mundo que sempre conhecemos e entramos num mundo completamente novo! Apesar de tudo isto, tenho saudades de poder cometer erros e ser perdoado, saudades de ter aquele porto de abrigo…
- E na liberdade também o tens.
- Sim, também. Mas aí passamos nós também a ralhar com os outros porque passamos a ter o tal sentido da preocupação… começamos nós a ser o porto de abrigo de alguém…
- Essa conversa parece-me um tanto ou quanto egoísta.
- Talvez… mas acho que é, principalmente, medo de crescer, de perceber que na minha vida, mas tarde ou mais cedo, terei que lhe tomar as rédeas, percebes?
- Cresce…
- Está bem. Irei crescer quer o queira, quer não… mas por favor, nunca deixes de ralhar comigo!





Renato Machado

2 comentários:

  1. Joana Ferreiramarço 06, 2010

    Sabes fizeste-me xorar realmente e uma koisa k deixa k pensar. nos meus desabafos tbm falo disto...realmente ser criança deixa umas saudades imensas...kuando somos pekenos pensamos komo era bom sermos grandes e nao ter k dar satisfações a ninguem mas tbm nao sabiamos o k estaria por tras a responsabilidade k neste momento komexa a pesar...realmente kuando somos krianças e kuando somos livres e a nossa imaginação nao tem limites... As vezes sinto-me triste pois a imaginação a medida k vou krescendo vai fikando mais dificil temos k pensar mais para obtermos algo diferente. deskulpa la o desabafo mas fika bem migo
    =)
    bjinho grande

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  2. adorei este texto! relmente faz pensar... mas sobretudo adoro a ultima frase "mas por favor nunca te esqueças de mim..."

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