A boneca estava sentada na prateleira,
Onde outrora se fartaram dela…
Por dela se terem cansado...
O pó remoinhava na sua cabeleira,
O vestido pregueado perdia a cor verdadeira,
O encanto nos seus lábios já não tinha significado.
Sem poder mostrar o que lhe vai lá dentro,
Nem sabe o alívio do que é chorar!
Assim custa sempre mais a sarar,
(a ferida de purpurinas no lixo jogado)
Por não poder mais permanecer no centro…
Os seus olhos sem vida não se conseguem fechar,
Triste boneca jogada ás traças do esquecimento.
Ali no alto, planeia dali se jogar,
Espatifar-se no chão e, por fim acabar…
Ser levada pelas ondas de quem lhe apanhar,
E lhe der o pouso do seu merecimento.
Então deixou de acreditar na esperança.
Descansou no seu lugar alojado entre pó e solidão…
A vida morava na prateleira ao lado,
E ela… espectadora no seu beirado,
Nem reparou na desconhecida criança,
Que lhe sacudiu com carinho as pregas do vestido,
Com cuidado, aninhou-a junto ao seu pequeno coração…
“Olá Barbie, sou a tua nova amiga”
Renato Machado
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